O Jornal Folha Independente de Campos Novos destacou na ultima semana a atuação do Movimento O Sul é o Meu País. A Jornalista Francieli Parenti entrevistou lideranças do Movimento sobre o crescimento da instituição na região e as ações planejadas para os próximos meses. Acompanhe na integra a matéria publicada abaixo:
Movimento “O Sul é o Meu País” volta a se organizar
Movimento anunciou que fará uma consulta pública nos três estados para medir o apoio dos moradores quanto a proposta de separação do restante do Brasil, paralelamente às eleições municipais de 2016.
Separar os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul de seu grande inimigo: o Estado brasileiro. Essa é a polêmica luta do Movimento “O Sul é o Meu País”, que completa 23 anos em 2015 com novo fôlego e voltando a atenção para ganhar as discussões nas ruas.O Movimento “O Sul é o Meu País” voltou a ganhar força, principalmente, após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, por conta da votação contrária a ela em SC, PR e no RS. A tarefa de discutir como seria a nova nação cabe ao Grupo de Estudos Sul Livre (Gesul),formado por intelectuais simpáticos à causa. Até agora, os debates indicam que o Estado sulista adotaria um modelo descentralizado de poder batizado de “Confederação Municipalista”.
A principal diferença em relação ao Estado brasileiro seria a inversão da lógica da arrecadação tributária. Os municípios ficariam com 70% do arrecadado e a Confederação com o restante – apenas para manter as Forças Armadas e um Parlamento ao estilo sueco, que só se reúne quando surge a necessidade de convocação, sem receber remuneração por isso. “A vida real acontece nos municípios. Estados e União são ficções”, diz o secretário geral do Gesul, o jornalista catarinense Celso Deucher.Além da questão tributária, outros fatores que motivariam a separação são o descontentamento com a democracia representativa brasileira e ausência de autonomia legislativa dos atuais estados brasileiros – que hoje têm restrições para editar leis.
No caminho do Movimento, porém, há uma cláusula pétrea da Constituição Federal que diz que a República brasileira é “formada pela união indissolúvel” dos estados e municípios – o que torna inconstitucional qualquer intenção de criar um novo país. No entanto, a base legal da luta, está o direito à liberdade de expressão e o princípio do Direito internacional da “autodeterminação dos povos”. “A Constituição do Brasil é pétrea até o dia que a mudarmos. As constituições foram feitas para serem renovadas, para serem mudadas, a qualquer momento, seja por uma revolução, por um ato dos próprios parlamentares, assim como nós lutamos para mudar a Constituição do Brasil e se não for possível, que a população busque sua autoderminação, busque a separação dos três estados através do clamor nas ruas ou do voto plebiscitário, exemplo do que está acontecendo em outras partes do mundo”, explica.
O que os ativistas do Movimento querem é ter dados concretos quanto a aceitação dos povos do sul para o separatismo. Durante o Congresso Brasileiro do Movimento, realizado de 05 a 07 de setembro deste ano, foi lançado oficialmente a campanha por uma consulta pública que vai acontecer no dia 2 de outubro de 2016, junto com as eleições municipais. “Nosso objetivo é consultar um milhão de pessoas, o equivalente a cerca de 5% dos eleitores dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, diz Deucher.As urnas, obedecendo a legislação brasileira, estarão do lado de fora das secções eleitorais dos TREs e o voto dos eleitores não será obrigatório.
O Movimento tem conhecimento que em relação à Constituição brasileira, este plebiscito não tem nenhuma validade. “Nós não queremos criar um novo estado no Brasil e sim mostrar que o Povo Sulista quer ter um novo país, ou seja, queremos ser um país para o mundo”. Por isso não temos necessidade de consultar ou obter qualquer permissão do Estado brasileiro, concluiu Deucher.Com o resultado do plebiscito os separatistas pretendem procurar a UNPO (UnrepresentedNationsandPeoplesOrganization) – Organização das Nações e Povos Não Representados, em tradução livre. O que, segundo Deucher, seria o primeiro passo para o reconhecimento de uma nação sulista.
A consulta deve ocorrer apenas nos municípios onde há sede do Movimento. Neste sentido, vários munícipios estão se organizando e criando comissões municipais com o propósito de colaborar com a consulta pública, a exemplo do município vizinho de Abdon Batista que criou uma comissão municipal nesta semana. “Além de comungarmos com as ideias do Movimento, queremos que o povo de Abdon Batista também participe desta votação tão importante, por isso montamos esta comissão. Pretendemos realizar outras reuniões, palestras e ações acerca do tema, reunindo mais pessoas entorno da causa”, relatou o presidente do Movimento Separatista em Abdon Batista, Odilon Zanchett. Em Campos Novos já está surgindo uma comissão, com auxílio da comissão abdonense.
“Não discriminamos nenhuma outra região e sim o poder centralizador de Brasília. Temos muito potencial de desenvolvimento e não conseguiremos isto sendo Brasil”, concluiu Odilon. Segundo ele, o Movimento está formalizado em comissões em 870 cidades dos três estados do sul. Em uma eventual separação, o país que emergiria seria relativamente rico para os padrões latino-americanos: o território teria 576 mil km2 (maior que a França) e população de 30 milhões de habitantes. O seu PIB seria de R$ 786,4 bilhões e o IDH de 0,82, similar ao do Chile.
Fonte: http://issuu.com/folhain
1 Comment
Acho muito importante a divulgação sobre a forma de distribuição e retorno dos impostos e o modelo que um suposto governo teria. Esta foi a primeira matéria que li falando disso. Creio se a população que está cansada deste modelo centralizador adotado no Brasil tiver pleno conhecimento da intenção do movimento, este será fortalecido.
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