Quem acompanha a minha coluna sabe que falei sobre o separatismo diversas vezes. E quem leu mais atentamente, se lembra de quando eu mostrei a conta relativa ao ano de 2014: o Rio Grande do Sul arrecadou quase R$ 61 bilhões e teve retorno de apenas R$ 14 bilhões. Ou seja, em apenas um único ano, o RS perdeu R$ 46 bilhões de reais, número emblemático por ser o exato valor da “dívida impagável do RS”.
Mas hoje eu não vou escrever para repetir as mesmas coisas. Estou escrevendo para perguntar para você, gaúcho, até quando você vai continuar vendo essa situação e não vai fazer nada. Não quero bancar o defensor do Sartori, mas o governador fez a sua parte: cortou gastos, secretarias, apertou as contas. E mesmo assim, com a crise financeira que o Brasil passa, a situação é cada vez pior.
Então o que vocês esperam que ele corte agora? O salário dos professores estaduais, que já são os piores do Brasil? O salário dos policiais militares que também são os piores do Brasil? Ou você vai protestar, começar a cobrar de quem realmente interessa, que é do governo federal?
O pacto federativo nunca foi justo, em especial com os considerados “estados mais ricos” do Brasil. São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e outros, sofrem perdas todos os anos. Acontece que o RS não tem mais condições de suportar essas perdas. A situação é gravíssima e o estado precisa urgentemente colocar pressão para rever esse pacto federativo. Uma coisa é você “doar” dinheiro para a União, quando você tem outros meios de sobreviver. A outra, é quando você sequer consegue pagar os (péssimos) salários dos seus funcionários públicos.
Você pode não concordar que o separatismo não seja a melhor solução. Você pode achar que existem outras maneiras de resolver isso – e existem.
Mas você, gaúcho, não tem mais o direito de ficar calado. Você não tem mais o direito de se omitir, principalmente nesse momento. Está na hora de mudar esse país, não só de partido, mas de estrutura. Que essa, seja mais uma façanha de modelo a toda terra, começada pelo povo gaúcho.
*Publicado na Coluna do Jornal Pinhalense #400 – 7 de agosto de 2015
8 Comments
Concordo com um novo pacto federativo, como sugere o articulista, mas e “os estados mais pobres” (fazendo um contra ponto com “os mais ricos”), concordarão? Não. E não haverá novo pacto porque eles são maioria no poder legislativo que, tem o poder da mudança. Nós, sulistas só nos resta a separação como solução. Já não dizia o Senhor que cada qual deve viver com o suor de próprio rosto. É o que pregamos: O Sul a custa dos sulistas, os outros às suas custas.
Pacto Federativo? Só a quem interessar, pois concordo com o Zatti. Os estados mais pobres, que hoje recebem mais do que enviam para Brasilia, não querem e como bem disse o compatriota, eles são maioria no Congresso, logo…
Também sou a favor da nossa TOTAL INDEPENDÊNCIA, só assim, poderemos começar tudo novo.
É a mesma história da construção: é melhor começar uma casa do chão, do nada e erguê-la como se planeja do que ficar fazendo remendos e puxadinhos.
Sugiro a construção de um “muro de Berlim” também. pra ficarem mais separadinhos.
Não é necessário, só reivindicamos a separação administrativa. Os brasileiros serão muito bem vindos para fazer turismo e negócios.
Coitado do Marcos, aliás ele existe pelo coito de seus pais. . . mas vamos lá: Em qual lado do muro você ficaria?
a culpa é do petista tarso genro 😉
Existem formas de separatismo legal em regime de paz? Nunca estudei este assunto e por isso faço a pergunta. Tenho 58 anos e todos os processos de separação sempre tiveram muito sangue correndo. Contemporaneamente assistimos o caso de vários novos países europeus que surgiram, mas à custa de muitas bombas e tiros. Na questão das Irlandas um plebiscito encerrou o assunto. Alguém sabe como funcionaria uma ação de separação de Estados aqui no Brasil?
Boa noite Edson. Sim, é possível. O exemplo mais perto que podemos seguir e nos processos de independência da Macedônia e da República Tcheca e Eslováquia, onde ambos foram de forma plebiscitária.
Hoje a legislação brasileira não permite que seja realizado formalmente um plebiscito para a independência do Sul. No entanto, o Brasil é signatários de vários acordos multilateriais na ONU, incluindo a Resolução 1514 que trata sobre a auto-determinação dos povos (inclusive foi o 3o. país a assiná-la). Isto está sucinto no item III do Art. 4o. da Constituição Federal do Brasil.
Face que o Brasil respeita a auto-determinação dos povos (e está em sua Constituição) a região Sul deverá entrar com uma representação na ONU para que o Brasil crie uma emenda constitucional permitindo um plebiscito formal.
O Plebiscito Consultivo 2016 é o primeiro passo neste processo, onde criaremos uma declaração universal de que a região Sul é um POVO (não brasileiro) e quer sua auto-determinação.
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