Czeslaw Posnanski, 1944
A Segunda Guerra estava indo para seu final quando Posnanski escreveu o livro “Os Direitos das Nações”, do qual extraímos alguns pensamentos que vem de encontro às reflexões do Movimento “O Sul é o meu País”:
— “O perigo para a paz, oriundo da existência das “pequenas soberanias” não existe. Nenhuma demarcação de fronteiras pode ser perfeita em regiões de nacionalidades mistas, e entre 1919 a 1939, houve uma porção de agitações revisionistas em alguns dos menores Estados da Europa. Porém, nenhuma guerra eclodiu por isso”.[1]
— “ Adolf Hitler nunca foi ditador de um pequeno Estado”. — “As forças da Alemanha, e em menor escala as da Itália, eram arregimentadas, não para fins econômicos, mas para guerras de conquista”. — “Hitler, em um de seus últimos discursos, deixou bem claro que ele não atacou a Polônia por causa da Dantzig ou da Pomerânia Polonesa. Dantzig e o ‘corredor’ não passavam de pretexto. O bote visava conquistar o continente e a Rússia, eliminar a Grã-Bretanha da Europa e, finalmente, dominar o mundo”.[2]
— “Tchecos e Slovacos guardaram a sua nacionalidade, permanecendo perfeitamente lúcidos sobre essa diferença nacional. Do mesmo modo Sérvios, Croatas, Slovenos, concordaram no decorrer da primeira guerra mundial de unificarem num Estado único os reinos da Sérvia, Croácia e Eslovênia. Nessas associações os direitos deveriam ser iguais. ”[3]
— “A nacionalidade tem significação muito diversa para um inglês, um francês, para um filho do Condado de Ulster ou um Irlandês, para um catalão-francês ou um catalão-espanhol, para um polonês ou um Argentino. Uma definição poderá ser dada em termos didáticos: ‘Uma nação é um grupo que se considera uma nação’. A definição, aliás quase similar de Louis de Brouckère: ‘ A nação é constituída pela comunidade daqueles que tem ao mesmo tempo a vontade e os meios de viverem juntos’…”
— “A Suécia e a Noruega, separaram-se, amistosamente, em 1905”.
— “As pequenas nações levam vantagem. O governo estando mais perto do povo, a democracia é muito mais direta”.
— “… a balança entre a representação dos diferentes interesses do Estado, é assegurada pelo sistema de representação dos estados numa Alta Câmara”.[4]
— “Vereis quanto o croata e o polonês lucraram economicamente com o estabelecimento da Polônia e da Iugoslávia independentes. Lucraram porque os seus governos próprios se interessavam pelo desenvolvimento do país e pelo bem-estar dos seus habitantes, enquanto Viena e Budapest sempre sacrificaram os interesses dessas longínquas províncias e de seus habitantes alienígenas aos interesses da nação dominadora”.[5]
— “— é de máximo proveito para o Dr. Goebbels, que costuma utilizar esse propósito para dar visos de verdade à sua asserção de que ‘Snr. Eden vendeu a Europa Oriental a Stalin’.”
— “Procuramos estabelecer que o princípio de auto deliberação dos povos está longe de ser obsoleto, e, portanto, inclui necessariamente o direito de cada nação determinar se deseja viver como Estado separado e independente. Este princípio não deve excluir a possibilidade da união de diversas nações em Estado único, tal o caso dos tchecos e eslovacos ou dos sérvios, croatas e eslovenos. Implica, no entanto, que tais uniões devem ser feitas em completa liberdade, baseadas na vontade e na livre determinação das nações em jogo”[6].
— “E já que esse sistema deve ser compulsório, segue-se que todos os Estados devem confiar uma parte da sua soberania à organização universal, seja ela chamada uma Liga das Nações remodelada ou tenha ela qualquer outro nome”.[7]
— “Entre essa organização mundial e o Estado individual independente há sempre lugar para organizações regionais, para uma melhor e mais amistosa união entre diversos Estados”.[8]
— “Os povos da Polônia e da Tchecoslováquia, da Grécia e da Iugoslávia assim como os povos da Holanda e da Noruega, da Bélgica e da França depois de terminada a guerra hão de muito simplesmente se opor a tête-à-tête forçado com a Alemanha, seja ela boa ou má. Muito provavelmente há de mais tarde colaborar com uma Alemanha democrática, enquadrada em qualquer organização que ofereça garantias de que influências mais poderosas poderão neutralizar veleidades intempestivas da Alemanha. Porém, hão de recusar, absoluta e continuadamente, dar sequência à ‘unidade’ estabelecida pelas hordas de Hitler”.
Carlos Zatti
GESUL, versão de 2016.
[1] O SUL É O MEU PAÍS, é um movimento pacífico…
[2] O Movimento O SUL É O MEU PAÍS, prega o oposto.
[3] Os sulistas, em relação ao Brasil, guardam a mesma lucidez sobre a diferença nacional.
[4] O Brasil tem o Senado representando os Estados, mas discrimina a representação civil/populacional com imposição de limites máximos e mínimos na Câmara dos deputados.
[5] O Sul está para Brasília, como Polônia e Iugoslávia estavam para Viena e Budapest.
[6] E foi o que ocorreu: Cindiu-se a Tchecoslováquia, separaram-se Sérvia, Croácia e Eslovênia — nações livres e prósperas.
[7] Dessa previsão do autor surgiu a ONU.
[8] Dessa previsão do autor sugiram OEA, União Europeia, OTAN, Mercosul…