Precisamos aprender a falar sobre separatismo no Brasil

Verônica Marin*

E não há data melhor para um tema desses do que 7 de setembro, dia em que todo o Brasil comemora a sua independência de Portugal.

Eu sou separatista, todos que me conhecem sabem disso de alguma forma, tenho camisetas, adesivo no carro e atuo fortemente no Movimento o Sul é o Meu País. Mas não costumo gostar de entrar no assunto quando sei que a pessoa já tem sua opinião formada, e por que? Porque no Brasil, falar sobre separatismo significa uma coisa: você odeia o país, odeia os outros estados e acha que o seu é melhor (ainda mais quando se trata do Sul, a região que o restante do Brasil pinta um bigode de Hitler sem nem saber do que está falando). No entanto, o buraco disso é bem mais embaixo.

O mundo todo vem mudando com os anos. Uma vez Portugal e Espanha dividiram todo um continente sob o seu domínio… uma vez o Uruguai já foi Brasil e por ai vai… Novos países surgem o tempo todo. Kosovo em 2008, Sudão do Sul em 2011 e a Catalunha está negociando a sua separação da Espanha nesse exato momento. Separar países, reorganizar as coisas é algo natural. Hoje temos 195 países no mundo, mas se olharmos para trás, em 1900 eram apenas 53.

Mas então porque esse tabu todo de conversar sobre isso no Brasil? Porque a ideia de separatismo por aqui recebeu, há 25 anos atrás, uma cartada de mestre dos donos do país. Foi pintado, naquela época, como um grupo Neonazista e isso passa muito longe da realidade. O Movimento o Sul é o Meu País tem CNPJ, tem estatuto, tem carta de princípios e ela diz claramente o movimento tem a finalidade de “avaliar as possibilidades pacíficas e democráticas de autodeterminação do povo sulista”, nada além disto, somos pacíficos e principalmente democráticos.

Claro que o “povo” que manda no Brasil não quer ver uma região toda ir embora. Ainda mais sabendo que separando o Sul é bem provável que São Paulo siga a mesma sequência e assim o Brasil poderia se dividir em diversas regiões, em diversos países pequenos e mais fáceis de ser administrados. E isso interessa aos manda chuvas? Não, óbvio que não, o que interessa para eles é esse sistema colonial que todos nós vivemos. A capital (Brasília) recebe todos os nossos recursos e fica responsável por organizar o país e repassar o necessário para as regiões. Não precisa ser especialista para saber que obviamente isso não está funcionando (vide a vida de luxo levada na capital e a vida de luta levada nas colônias, que chamamos de cidades e estados). Os recursos saem da população e não voltam, se perdem numa burocracia e numa corrupção infernal. É inviável a forma atual de governo. Então, por isso digo que a ideia foi genial, pinta-se o movimento separatista mais forte do país como algo a ser odiado e o assunto morre por falta de debate. Mas aos pouquinhos estamos mostrando que não é bem assim.

Afinal, separar o país será bom para todo mundo. Todas as regiões têm sua capacidade de autonomia e sem o dinheiro sendo perdido nesse estado gigantesco que chamamos de Brasil, todas as regiões poderiam prosperar de formas diferentes. Se engana quem pensa que o governo brasileiro junta os recursos de todos para ser um governo Robin Hood, tirando dos estados ricos para ajudar os estados pobres. O Portal da Transparência nos mostra que não é bem assim que isso funciona. No Sul, por exemplo, de tudo que mandamos pra Brasília, 20% volta para nós. Dos 100%, apenas 5% vai para outros estados. Brasília “organiza” os outros 75%, que hoje a gente já sabe que estão em malas, no apartamento do Geddel, entre outros…

Com o Plebiscito Consultivo (Plebisul) realizado em 2016 e com uma nova consulta a ser realizada dia 07 de outubro deste ano, o Movimento O Sul é o Meu País tem criado uma boa visibilidade e novos movimentos tem surgido país a fora. São Paulo possui dois grandes movimentos separatistas e temos movimentos menores no Nordeste, no Rio, no Espírito Santo, entre outros. Então todo mundo se odeia, quer se isolar do resto do país? Claro que não. O movimento do Sul tem uma boa relação com os movimentos de São Paulo e de outros estados. Todos temos um objetivo simples: cuidar da nossa terra autonomamente (ter um governo próprio) e quebrar esse sistema instaurado e não funcional do Brasil.

Todos os brasileiros têm o direito de se posicionar sobre esse assunto, sem achar que é ódio, sem achar que é impossível. Cada um dos estados ou regiões, deve pensar se deseja ou não uma separação e independente da resposta, o debate tem que haver e a democracia deve ser soberana.

Por isso dia 07 de outubro vá votar, seja “sim” ou seja “não”, mas vá expressar a sua opinião, porque o Brasil do jeito que tá, todos sabemos que não vai melhorar. Está na hora de abrirmos a mente para outras opções, não?

Que saber mais sobre esta causa? Acesse o site oficial do Movimento em www.sullivre.org.

* A autora é liderança do Movimento O Sul é o Meu País em Joinville/SC.

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