Por Joacir Dal Sotto *
O velho Brasil
Falar do Brasil e falar dos brasileiros. Acreditei no Brasil quando desconhecia o pacto federativo. Estive ao lado de Nelson Rodrigues nas crônicas sobre futebol. Fiz parte do samba que redesenhava o passado através das composições que invadiam os corações de artistas fantasiados.
Brasil para brasileiros foi decepado. O Brasil do futebol e samba é um império vitorioso. Os brasileiros correm atrás de uma identidade cultural, enquanto o discurso da diversidade cultural é uma ameaça aos grupos que não foram classificados.
Temos uma briga entre quem diz representar o Brasil e quem carece de representação cultural, sendo que em ambos os casos parece que o oprimido quer ser o opressor. Antes do discurso de tolerância, deveriam falar no respeito pelo diferente. Respeito é saber que nem sempre corpos diferentes possuem valores semelhantes.
Refletir sobre uma independência cultural não é dividir. Dividir é tentar impor um padrão, é colocar nas mãos de uma minoria o que é do interesse de todos. Unir é ouvir diferentes ideias para atingir um ponto incomum.
Dar o poder ao povo não é manter o castelo inacessível de Brasília. Quando os povos do Brasil levantarem é o brasileiro que nasce. O Brasil atual segura velas no funeral dos Índios, dos italianos, dos alemães, dos nordestinos, dos paulistas, dos infinitos povos enraizados no tropicalismo continental.
* Autor do livro Curvas da verdade, mestrando em práticas transculturais e membro da direção nacional do movimento O Sul é o Meu País.
2 Comments
MANUEL CORREIA DE ANDRADE – Geógrafo (paraibano), Disse:
“O brasileiro geralmente bendiz o fato de que em todo território nacional fala-se a mesma língua e domina-se a mesma religião, julgando, desse modo, que o Brasil estaria imune a problemas deste tipo, a problemas separatistas. Será que esta crença tem fundamentação na realidade, ou ela é um produto de dezenas de anos de uma propaganda veiculada nos livros, revistas e jornais, pelas classes dominantes, na tentativa de fazer esquecer divergências profundas? Existirá realmente uma nação brasileira ou vários grupos nacionais no território brasileiro? É assunto importante para ser analisado com profundidade e honestidade pelos mais variados meios de comunicação. Inicialmente, devemos lembrar que o Brasil não se constitui numa unanimidade étnica, religiosa e cultural. Não… O problema da união nacional e do afastamento dos ideais separatistas está profundamente ligado ao problema do uso dos meios de informação”.*
* – Os Meios de Comunicação e o Problema do Separatismo, Inf. & Soc.: Est. João Pessoa
——————————–
“O SUL É O MEU PAÍS”
– Basta de Brasília –
SEPARAR JÁ
Por que queremos nos separar?
Poderíamos citar razões históricas, políticas, econômicas, culturais…, mas preferimos ficar com uma resposta bem simples:
O BRASIL NÃO DEU CERTO.
Tivemos “500 anos” para fazer isto aqui funcionar e não conseguimos. Precisamos mudar antes que seja tarde demais. – Separar é mudar –
Se a razão para separar é simples, os motivos para não separar inexistem em termos práticos. Qualquer um que queira achar justificativas para não separar, começará pelas palavras “nossos irmãos” ou “mesma língua”. Se fossem atender a estes apelos de ordem sentimental, o Brasil estaria dividido entre os irmãos holandeses e os irmãos portugueses, para citarmos apenas os mais velhos. Todas as justificativas apelam para o sentimentalismo. Mas nós também teríamos razões sentimentais e fortes, de ordem prática. Queremos nos separar para que os nossos filhos parem de passar fome. E este “nossos filhos” são os do Brasil que não consegue alimentá-los nem educá-los.
O movimento separatista não é do Sul e sim do povo do Brasil que está cansado de passar fome e não poder ter uma vida decente. É do Sul e do Norte, do Centro-Oeste, do Sudeste e do Nordeste, cujos povos são trabalhadores, porém, mal administrados. Só não é dos políticos e dos grandes empresários. Os políticos do Sul dizem que não podem fazer mais porque o Congresso é dominado pelos parlamentares do norte/nordeste e estes não fazem mais porque não lhes interessam; sua reeleição está garantida pela desinformação do povo, pelo analfabetismo, pelo domínio dos meios de comunicação. Aos empresários não interessa a separação, para que continue a reinar a bagunça fiscal e administrativa que hoje impera no Brasil. Dois ou mais países menores serão mais fáceis de organizar. E esta organização não lhes interessa. Querem continuar a viver às expensas do erário público.
A comunidade internacional também não vê com bons olhos o surgimento de duas potências que serão, por “razões históricas” amigas.
Os que não querem a separação são uma minoria em quantidade mas maioria em poder. Cremos fortemente que o povo, querendo, terá forças para se separar.
Sabemos também que as palavras dos separatistas serão distorcidas, procurando dar a impressão de ser um movimento racista ou elitista, ou outro “ista” que encontrem, mas não deixaremos que turvem a nossa mente, pois teremos sempre claro o nosso objetivo que é o de separar para melhorar ambas as partes.
As razões são simples, as justificativas para não separar inexistem mas o caminho é longo e pedregoso. Nesta caminhada teremos sempre de manter o nosso objetivo e lembrar que este é o objetivo de ambas as partes e que ninguém tem o direito de impedir que o norte ou sul, leste ou oeste sejam livres. Deixemos ao povo esta decisão.
O Norte e o Sul estão hoje querendo tomar para si a decisão de seu destino. Devem empunhar uma bandeira; que deve ser branca, que simboliza a paz com que queremos que a separação se efetue e que depois sirva para que cada um coloque as cores que melhor lhe convenha. Devem também pegar uma folha de papel em branco para poder nela escrever, cada um a sua história, a sua Constituição. Este será o nosso símbolo, simples como as razões e puro como os nossos ideais.
Para empunhar a nossa bandeira use um lenço branco no bolso do paletó ou da camisa, no pescoço ou no carro, ou ainda, guarde-o no bolso para quando quiseres, acenar à outros separatistas.
Comissão Executiva do Paraná
Fone (0 x x 41) 256-1056
Se puder tire cópias e distribua entre os amigos, se não, dê esta folha a outra pessoa. __________________________________________________________________________________
Comments are closed.